Sexta-feira, 19 de Abril de 2024 - 11:15:09

Projetos Sociais

RESPONSABILIDADE SOCIAL

 

 

PROJETO 01: BRINQUEDOTECA – PARCERIA COM A IRMANDADE DA SANTA CASA DE ANDRADINA.

 

ORGANIZAÇÃO E ADMINISTRAÇÃO DA BRINQUEDOTECA HOSPITALAR

 ... brincar é fundir o pensamento e a ação, é comunicação e expressão é um meio de aprender a viver proclamando a vida   ...e enquanto restar dentro do Homem, a criança que ele foi um dia, e enquanto a vida nele pulsar, esse direito deve ser assegurado.

            Tânia Ramos Fortuna - UFRGS

 

 INTRODUÇÃO

       A educação informal coincide com a própria existência do homem ou de certa forma a origem do homem coincide com a origem da educação. O advento da Idade Moderna traz a exigência de racionalizar, quantificando e qualificando, a preparação do homem para trabalhar produtivamente na indústria e habitar civilizadamente as cidades. Pelas necessidades impostas pelas contingências históricas daquele momento é criada uma instituição específica para essa finalidade - a escola - e instituído um profissional capaz de executar esse processo, - o professor/educador - habilitado pelo conhecimento da ciência da Educação, a Pedagogia.

       Construir um projeto educativo exige conhecimentos, procedimentos e ferramentas específicas a respeito da teoria e da prática da educação que estão postos a disposição de todo pesquisador ou educador que se propõe a essa tarefa.

      No caso em tela o inusitado é exatamente o espaço, o sítio onde deverão ocorrem o desenvolvimento do projeto, a instituição hospital com suas peculiaridades.

       Para caracterizar a especificidade dessa instituição sede do projeto em pauta, tomamos como nossa as afirmações de Tânia Ramos Fortuna - UFRGS:

O hospital é um lugar onde a doença e a morte são enfrentadas, a partir do conhecimento e técnicas especializadas, a favor da saúde. Doença compreendida não como oposição à saúde, mas como desestabilização e confronto com o incontrolável e o inesperado, característicos da vida.

Ora, a atividade lúdica, baseia-se no enfrentamento do inesperado, exigindo a capacidade de enfrentá-lo e ensinando como fazê-lo. Deste modo, brincar no hospital ensina a enfrentar a doença, promovendo a saúde, especialmente se a saúde for concebida como afirmação da vida. Dolto defende a idéia de que privar uma criança de brincar significa privá-la do prazer de viver. Então, propiciar o brincar equivale a reforçar seu prazer de viver.

JUSTIFICATIVA

        O presente projeto destina-se a atender o que dispõe:

▪ a Lei nº. 11.104, de 21 de março de 2005 quanto a obrigatoriedade de instalação e funcionamento de brinquedotecas nas unidades de saúde que oferecem atendimento pediátrico em regime de internação com a finalidade de, através de brinquedos e jogos educativos, estimular as crianças e acompanhantes a prática de atividades lúdicas como ferramentas importantes da educação e do processo de escolarização;

▪ o princípio 4 da Declaração dos Direitos da Criança promulgado pela Organização das Nações  Unidas em Genebra no ano de 1959 que defende o direito de brincar e a necessidade da sociedade e dos poderes constituídos oportunizarem o exercício deste direito e,

▪ o princípio 6 da Carta da Criança Hospitalizada, estabelecida em 1998 sob a inspiração da Carta Européia da Criança Hospitalizada, aprovada pelo Parlamento Europeu em 1986.

 OBJETIVOS:

a) comuns:

▪ propiciar espaço para a brincadeira onde as crianças possam brincar;

▪ favorecer o desenvolvimento psicomotor, sociocognitivo, sociocultural e afetivo;

▪ desenvolver autonomia, criatividade e cooperação;

▪ favorecer o equilíbrio emocional e a resiliência;

▪ favorecer o processo de representação e as diversas formas de comunicação;

 

b) específicos:

▪ Minimizar os efeitos das alterações, segundo Chiattone (1887) vividas pelas crianças durante a internação:

       - medo ou sensação de abandono;

       - medo do desconhecido;

       - sensação de punição ou culpa;

       - imitações impostas pela evolução da doença;

       - surgimento ou intensificação de sofrimento físico e,

       - despersonificação.

▪ preservar a saúde emocional da criança e do adolescente através de atividades lúdicas individuais ou interativas com seus parceiros, orientadas por uma brinquedista (estagiária do Curso de Pedagogia);

▪ manter ininterrupto o seu processo de desenvolvimento cognitivo através da estimulação, pois o afastamento dos procedimentos formais ou informais de escolarização poderá causar defasagens culturais e sociais que dificultaram seu retorno à normalidade do cotidiano;

▪ des-vitimar a criança-paciente propiciando ambiente favorável adequado a seu nível de interesse e motivação em contrapartida ao clima convencionalmente deprimente e traumático de internações mais prolongadas.

METODOLOGIA

Por concordar com Sueli Amaral Mello (UNESP – Marília):

Enquanto para Piaget o desenvolvimento nos primeiros anos de vida acontece de forma independente dos processos de aprendizagem – e, de certa forma, os precede -, na perspectiva histórico-cultural, a organização adequada da aprendizagem promove o desenvolvimento. Por isso é que não conhecemos nenhuma orientação da teoria de Piaget sobre como educar as crianças pequeninas. Para Piaget, e segundo a leitura que Vygotski (1993) fez de Piaget, só em etapas tardias do desenvolvimento infantil os processos de educação teriam uma interferência nos processos de desenvolvimento e também por concordar com o que preconiza VYgotsky  quando anuncia procedimentos pedagógicos adequados para esse contexto indicando que as metodologias devem não apenas deixar as crianças brincar, mas, essencialmente ajudar as crianças a brincar e,  brincar com elas e até mesmo ensiná-las a brincar, é que sugerimos a teoria histórico-cultural (socioconstrutivismo para alguns) como pressuposto teórico capaz de contribuir com o conhecimento necessário ao  entendimento desse processo e a Pedagogia da Autonomia de Paulo Freire (1996) como arcabouço seguro para o encaminhamento dessas ações de cunho educativo.

        É preciso também definir o perfil e a competência técnica dos profissionais – brinquedistas - incumbidos da execução desse projeto que conscientes da proposta metodológica estabelecida acima e apresentem como traços de personalidade a sensibilidade, o entusiasmo, determinação, bom humor e, sobretudo, equilíbrio emocional.

Em seguida deverão ser submetidos a procedimentos de capacitação que enfoquem:

▪ o desenvolvimento infantil;

▪ teorias sobre jogos e brinquedos;

▪ seleção e exploração de brinquedos;

▪ noções básicas sobre a organização e o funcionamento de brinquedotecas.

RECURSOS

 

Equipe de trabalho

01 Supervisor

Com a função de acompanhar, controlar e avaliar as atividades da brinquedoteca zelando para que os objetivos propostos no planejamento sejam concretizados.

01 Coordenador

Em tempo integral, com a função de coordenar o desenvolvimento de todas as atividades qual seja o de estabelecer juntamente com o Supervisor:

a) instrumentos permanentes de capacitação dos brinquedistas;

b) sistemática de registro diário das atividades desenvolvidas contemplando anotações básicas quanto ao estado emocional, disposição, iniciativa, nível de sociabilidade de cada criança e seu desenvolvimento no decorrer do processo de internação, o que poderá ser feita em tabelas eletrônicas;

c) envolvimento da totalidade das crianças internadas nas atividades da brinquedoteca, mesmo aqueles que não possam se locomover;

d) ações de estimulação à participação dos familiares nas atividades lúdicas das crianças:

e) manutenção e conservação dos brinquedos permanentes;

f) manutenção de material de consumo para atividades didáticas;

g) higienização adequada dos brinquedos e da brinquedoteca

i) procedimentos administrativos de controle de freqüência dos profissionais envolvidos, inventário do material permanente, controle do material de consumo e demais ações necessárias à organização do setor.

01 brinquedista – para atendimento na brinquedoteca

01 brinquedista – para atendimento a crianças impossibilitadas de locomoção.

Com seis horas de trabalho diário, divididas em dois períodos, podendo para isso, no desempenho de sua função se transformar em contador de histórias, recreacionista, professor da classe hospitalar além de estimular a criança a brincar, ensinar a criança a brincar e até mesmo brincar com ela, sempre estimulando o desenvolvimento infantil a partir do lúdico.

É necessário também manter conectada a rede de interações afetiva-sociais que a criança tem com seus familiares e seu grupo de amizade no mundo exterior e, ao mesmo tempo ajudá-la a compreender o ambiente hospitalar e os profissionais que nele desenvolvem a sua missão, utilizando equipamentos e atividades lúdicas que a brinquedoteca e os brinquedistas que nela operam oferecem.

 

  Recursos materiais

Além das boas instalações e dos ótimos equipamentos já existentes[1] assim mesmo se fazem necessário:

▪ ampliar e estabelecer um mecanismo permanente de atualização de livros de literatura infanto-juvenil;

▪ estoque permanente de material didático de consumo,

▪ reposição e atualização de brinquedos e,

▪ principalmente dois computadores conectados à internet.

 

Avaliação

A avaliação de caráter diagnóstica na constatação de falhas e imperfeições no atendimento das crianças internadas, quanto à concretização dos objetivos pospostos pelo planejamento da brinquedoteca hospitalar, deverá acontecer continuadamente para subsidiar ações de replanejamento norteadoras de novos e mais eficazes procedimentos.

Acontecerá no final de cada mês ocasião em que deverá ser elaborado um relatório consubstanciado apontando quantitativa e a qualitativamente o resultado do atendimento da demanda desses paciente-discentes.

Necessariamente no relatório a ser encaminhado á Diretoria Executiva da Santa Casa de Andradina deverá conter indicadores de satisfação das crianças atendidas, de seus familiares e se possível dos médicos responsáveis pelo atendimento clínico.

Bibliografia

BOMTEMPO, Edda; ANTUNHA Elsa Gonçalves; OLIVEIRA, Vera Barros de (orgs). Brincando na escola, no hospital, na rua. Rioa de Janeiro: Wak, 2006.

VIEGAS, Drauzio (org.) Brinuqdoteca Hospitalar: Isto é Humanização. Rio de Janeiro: Wak, 2007.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários a pratica educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

PAULA, Ercília Maria Angeli Teixeira de – Educação Popular em uma brinquedoteca hospitalar: humanizando relações e construindo cidadania. Universidade Estadual de Ponta Grossa. Disponível em: <www.anped.org.br/reuniões/31ra/trabalho/GT06> Acesso em 08 abril 2009.

DOLTO, Françoise. As etapas decisivas da infância. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

VIGOTSKY. Lev Semenovitch. O papel do brinquedo no desenvolvimento. In: Formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1991.

CHIATTONE, H.B.C. Relato de experiência de intervenção psicológica junto à criança hospitalizada. In: V.A. Angerami, Ed. Psicologia Hospitalar, São Paulo: Traço, 1987.

 

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[1] Bonecas e bichinhos de pelúcia (26), carrinhos de plástico e madeira (08) mesas infantis com cadeiras (03 conjuntos), escorregador de plástico (01), casa de boneca (02), bolas grandes (04), motocas (2), andador (01), cavalinhos de balanço (03), televisor (01) aparelho DVD (01), carrinho de bebê (01), lego (01), dado (01), ábaco (01) almofadas, colchonetes e banquetas (05) e diversos jogos e livros infantis.